Desvendar os mitos das toxicoinfeções alimentares
Estamos prestes a comemorar o dia das mentiras, a 1 de abril e este é o mote ideal para desvendar alguns mitos que estão por detrás da segurança dos alimentos. Cada vez que se fala em doenças veiculadas por alimentos, a nossa mente lembra-se de uma série de mitos que estão amplamente espalhados pela sociedade. Infelizmente, às vezes existem falhas nas práticas de manipulação segura de alimentos que nos podem tornar vítimas dos alimentos que consumimos.
A informação errada sobre uma doença veiculada por alimentos pode ser tão fatal quanto não saber nada sobre a doença. É por isso, que se torna importante desmitificar mitos associados a estas doenças.
Com a ajuda da SARA HACCP vamos desvendar 10 mitos sobre a toxicoinfeções alimentares.
Muitas pessoas presumem rapidamente que a última refeição que desfrutaram é a razão da sua toxicoinfeção alimentar. Isto nem sempre é verdade. Os agentes patogénicos demoram muito mais tempo para mostrar os efeitos no corpo. Portanto, a última refeição pode não ser a causa da toxicoinfeção alimentar. Tudo se resume a perceber qual o agente que contaminou alimentos que foram consumidos, uma vez que o tempo de incubação varia de acordo com o agente patogénico causador da doença. Normalmente, o período de incubação é de 12h a 72h, no entanto pode ser 1h ou superior a 70 dias, tudo depende do agente que causou a toxicoinfeção alimentar.
Estamos todos muito confiantes nas práticas de higiene em nossas casas. Mas os agentes patogénicos podem crescer em qualquer lugar. Eles podem estar presentes nos alimentos que cozinhamos em casa. Talvez não tenha lavado os utensílios corretamente ou descongelado os alimentos nas superfícies de trabalho e isso abriu caminho para o crescimento de agentes causadores de doenças veiculadas por alimentos.
A forma correta de verificar se um alimento foi cozinhado corretamente é com recurso a um termómetro para verificar a temperatura interna do alimento. Provar os alimentos não é a prática mais adequada para verificar se os alimentos estão bem cozinhados, os microrganismos patogénicos não têm cor, nem sabor, nem cheiro. Somente a conjugação entre o tempo e a temperatura de confeção nos pode dizer se os alimentos estão bem cozinhados no seu interior. Por isso, garantir que o alimento atingiu uma temperatura superior a 70°C durante 1min. é uma evidência de que o alimento está bem confecionado.
As frutas e legumes têm tanta probabilidade de causar uma toxicoinfeção alimentar quanto os produtos de origem animal. Todos os alimentos podem estar na origem de uma toxicoinfeção alimentar quando expostos a agentes patogénicos. Isto quer dizer, que a probabilidade de desenvolver uma toxicoinfeção alimentar prende-se mais com questões de higiene e de confeção dos alimentos do que propriamente com estilos alimentares.
Lavar as mãos antes das refeições é uma boa prática. Mas isso não será o suficiente para nos proteger contra toxicoinfeções alimentares, uma vez que o problema pode já ter começado antes da comida ter chegado ao prato. E se quem preparou a comida não lavou as mãos? E se nos ingredientes crus já ocorreu o crescimento de agentes patogénicos devido ao manuseio incorreto?
É necessário lavar as mãos sempre que se manipulam alimentos, após as idas à casa de banho, antes de comer, depois de fumar, entre outras. Assim como lavar os produtos frescos, como vegetais e frutas, para diminuir o risco de desenvolvimento de agentes patogénicos.
Embora para comida que apresenta sinais de deterioração isso seja verdade, nem sempre é possível dizer que os alimentos com aparência fresca não estão contaminados. Os agentes patogénicos não são visíveis aos nossos olhos, por isso não há como garantir a sua ausência nos alimentos. Normalmente, desenvolvemos uma toxicoinfeção alimentar ao consumir alimentos que aparentemente parecem seguros.
Costumamos comparar a segurança das tábuas de corte de plástico e de madeira, dizendo que uma é melhor que a outra. É necessário ter em conta de que a madeira é uma superfície absorvente, o que proporciona a contaminação dos alimentos com mais facilidade, logo as tábuas de plástico são de mais fácil higienização.
O importante é que exista uma manutenção adequada das superfícies de corte, garantindo a higienização após cada utilização e a sua substituição sempre que as fissuras não possam ser reparadas. Assim como, não se deve utilizar a mesma tábua para manipular alimentos cozinhados e crus, pois podem ocorrer contaminações cruzadas.
Na maioria dos casos, uma toxicoinfeção alimentar dura apenas alguns dias, com sintomas leves. Mas também pode ter efeitos mais severos no corpo, podendo em alguns casos ser fatal e levar à morte, principalmente quando falamos de indivíduos mais suscetíveis ou agentes patogénicos mais severos.
Os indivíduos mais suscetíveis, conhecidos como grupos de risco, são um conjunto de pessoas que têm maior probabilidade de contrair uma doença veiculada por alimentos e de sofrer uma sintomatologia mais grave. As crianças, os idosos, grávidas e pessoas imunodeprimidas estão entre as pessoas com maior probabilidade de sofrer destas doenças de forma mais severa.
A congelação não é um método para tornar os alimentos seguros para consumo, os microrganismos não se multiplicam a temperaturas de congelação, mas não são destruídos. E quando os alimentos são descongelados, as bactérias presentes no alimento encontram condições para se multiplicarem. Cozinhar os alimentos até atingirem a temperatura interna adequada é a melhor maneira de eliminar os microrganismos patogénicos.
Cozinhar bem a carne é a melhor maneira de eliminar os microrganismos patogénicos. Quando se lava ou enxagua a carne crua, as bactérias podem espalhar-se pelas bancadas e outras superfícies da cozinha. Isto pode contaminar outros alimentos, como saladas ou frutas. Lavar ou enxaguar a carne crua não é necessário, pois fazê-lo pode potenciar a contaminação cruzada e a ocorrência de doenças de origem alimentar.
Desvendar os mitos associados às toxicoinfeções alimentares é crucial para promover uma manipulação segura dos alimentos e prevenir doenças transmitidas por eles. Muitas crenças populares são erradamente aceites, como a ideia de que a aparência dos alimentos é um indicador confiável da sua segurança. No entanto, a realidade é que os microrganismos patogénicos podem estar presentes em qualquer alimento, em qualquer lugar.
Além disso, práticas inadequadas, como não verificar a temperatura interna dos alimentos ou lavar as mãos de forma insuficiente, podem aumentar o risco de doenças veiculadas por alimentos. É essencial entender que as toxicoinfeções alimentares não são apenas um problema passageiro, mas podem ter consequências graves, especialmente para grupos de risco, como crianças, idosos e pessoas imunodeprimidas.
Portanto, é fundamental adotar medidas preventivas, como cozinhar adequadamente os alimentos, manter a higiene pessoal e das superfícies onde os alimentos são preparados, e evitar práticas que possam aumentar o risco de contaminação cruzada. Ao desmistificar esses conceitos erróneos e promover uma compreensão mais precisa sobre a segurança dos alimentos, podemos proteger a saúde e o bem-estar dos consumidores.
A SARA HACCP é uma ferramenta tecnológica que pretende ajudar as empresas do setor alimentar a desmaterializar os processos e registos do HACCP.
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Este artigo foi escrito em parceria com a DIG-IN®
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Fonte (DIG-IN)